Oferecido por: Diane Southierdiane.southier@gmail.com
Por cinco meses, entre março e agosto de 2017, eu vivi em Buenos Aires, capital federal da Argentina. Fui a trabalho, para cursar uma disciplina relativa à minha área de pesquisa. Em Florianópolis, eu cursava o segundo ano do doutorado em Sociologia Política, na Universidade Federal de Santa Catarina, sobre teoria do discurso e teoria do populismo. Em Buenos Aires, na Facultad de Filosofía y Letras da UBA, cursei a Cátedra Libre Ernesto Laclau, cujas aulas ocorreram em abril e maio. Aproveitei o mês de março para me acostumar com o idioma e, nos seguintes, me envolvi em diversas atividades acadêmicas e políticas, a partir de contatos que fiz depois que cheguei lá. Trabalhei muito, conheci muita gente, fiz amigos, me diverti e aprendi como nunca.

2016 havia sido um ano muito duro - emocionalmente falando - embora também pessoalmente muito libertador. Além das tensões políticas (e sociológicas) que enfrentei durante o golpe de estado em meu país, vendo amigos e colegas preocupados ou com péssimas perspectivas de futuro, eu saía ainda de um longo relacionamento amoroso, depois de vários anos tentando algo novo. Pouco antes de viajar para a Argentina, tive ainda o prazer de me apaixonar de novo, por um amigo de longa data. Foi um verão bastante conturbado, em que tentei estabelecer outro tipo de vínculo afetivo com esse meu novo amor, mais livre e excitante. Mas não por isso menos conflituoso. Diferente, sem dúvida, de tudo que eu já tinha vivido até então. Em Buenos Aires, me relacionei com outras pessoas, amadureci algumas ideias e práticas de relacionamento que eu já tinha pensado ou experimentado, e voltei muito transformada.

Aqui, neste pequeno livreto de crônicas (e algumas poesias) escritas para minha família e amigos, às vezes publicadas no facebook, ou como memórias para mim mesma, conto várias das minhas experiências mais pessoais com o novo idioma, com a política, com as pessoas que conheci, as drogas que provei, e o amor que, em Buenos Aires, eu reencontrei – inclusive por mim mesma. Às vezes com dor, às vezes com pitadas de humor, e sempre com muita saudade. O resultado sou eu aqui exposta quase sem filtros, com pouca ou nenhuma pretensão de coerência, e sem moralismos.

Eu amei.
Amei Buenos Aires.
Amei suas milongas, o idioma,
as pessoas,
e os bares.