Não há nada mais importante do que sermos nós mesmos.
Nada mais importante de encontrarmos aquela identidade única que define a nossa individualidade.
Você sabe quem você é?
Será que o que você acha que aquilo que é é realmente tudo o que você é?
A construção e a descoberta de quem somos inicia-se desde a primeira infância. A partir de muito cedo na vida apresentamos a tendência a nos diferenciar dos outros. Ser diferentes não é moda nem manha: é exigência imprescindível de todo ser. Começamos essa jornada desenvolvendo um eu, aprendendo a falar “eu” e a identificar o que nos torna “eu”. E surge, assim, o ego.
Na adolescência manifestamos esta busca com mais urgência e às vezes com desespero: separar-se das crenças da família, dar validade às nossas escolhas, desgrudar de afetos e chantagens para poder ter a lucidez de reconhecer qual é o caminho de vida que é verdadeiramente nosso. E surgem a rebeldia, as escolhas impulsivas e radicais, mas também a dor e a culpa.
Escreveu Jung que “A cada passo em direção à individuação, uma nova culpa é produzida, o que requer uma nova expiação. Nossos pecados, erros e faltas são necessários, caso contrário, seríamos privados dos mais preciosos incentivos para o desenvolvimento.”
A maior das culpas é a de ser diferentes: diferentes de quem amamos, diferentes do que é esperado de nós. No foge-foge dos condicionamentos familiares acabamos por nos jogar cegamente nos braços de condicionamentos sociais, buscando outras referências, valores e possibilidade de vida em outros lugares, em diferentes tipos de pessoas, crenças e estilos de vida. E acabamos por “macaquear alguma personalidade eminente, alguma característica ou atividade marcantes.” (Jung)
Confundimos sermos nós mesmos com termos um ego forte no sentido de ser alguém que consegue fazer e ser tudo o que o ambiente que admiramos exige. “Em geral, esta tentativa adulterada de diferenciação individual se enrijece numa ‘pose’.” (Jung)
Porque imitação não é individuação:
“Individuação não é tornar-se em Ego: neste caso, a pessoa se tornar individualista. Um individualista é alguém que não conseguiu se individuar, ele é um egoísta filosoficamente destilado.” (Jung)
É quando falhamos em conseguir imitar personalidades coletivas, quando falhamos em realizar expectativas sociais, quando nos sentimos infelizes com aquilo que é considerado “bom” pelo ambiente no qual vivemos que somos obrigados a uma profunda reflexão sobre nós mesmos. Somos obrigados a dar uma parada e a nos perguntar quem somos. E então pode ter início o verdadeiro caminho da individuação.